“Qual a boa metáfora para descrevê-la: uma pluma? Uma flor delicada que, por milagre, anda? Um cristal frágil? Sua voz faz-se carícia tímida. Para onde foi a desbocada, de tom enérgico, manejando palavrões que abalaram bem-educados e bem pensantes?(...)" Hilda Hilst
26 de fevereiro de 2009
Com cola e pedaço de papel refaço meu próprio mundo
Colorindo pra normalizar
Experimentando os quatro elementos de tudo
Aquarela, céu e mar...
Enquanto eu for um sonho meu
Testo texturas
Remontando fatos
Refaço-me e faço sol
Tiro a casca da tinta envelhecida
E uso o lilás da transmutação
Assim, Reformo um quarto do meu coração.
Nawá
24 de fevereiro de 2009
Seu cheiro intencional
Deixou-me com vontade de fazer samba e poesia até mais tarde,
Corpo, boca e língua...
Resquício de um poema outrora beijado,
Um certo moço de sorriso estrelado
Com olhar arregalado me faz balançar...
Quero-te ver no emaranhado dos dias corridos,
E te roubar dos lábios mais e mais uma vez o teu gosto salgado...
Um livro em que o prefácio
Lembra-me Vinicius ou versos perdidos de um poeta sonoro.
Nawá (Como fonte de inspiração Ivy e Mairon)
23 de fevereiro de 2009
INTIMIDADE
Leve contigo o teu gosto, o teu cheiro.
Queimarei os meus lençóis que guardam nas entranhas o teu gozo perdido.
Quanto tempo leva a vida pra normalizar?
Quanto tempo o corpo leva pra desencarnar?
Minha armadura de papel dissolveu na umidade triste da chuva
E o meu coração ficou em pedaços...
Visto a fantasia do meu carnaval,
Saio em busca do meu bloco perdido
Saudade dói que dói demais
Pele, versos e purpurinas...
“Bandeira branca amor..”
Minha bateria perdeu o ritmo e o meu pandeiro se quebrou..
“..eu peço paz..”
Preciso vestir novamente a minha fantasia de amor
E ver as Serpentinas no salão...
Jack
10 de fevereiro de 2009
Gesticulando fatos fartos de mim
Desprendo-me das minhas asas
Quero agora o chão mais quente,
O calor mais frio,
O vento mais seco,
O vestido mais estático...
As rosas mais vendidas,
O beijo mais azedo,
O corpo mais torto,
O grito mais baixo,
O gozo mais raso...
E deveras quando acordar,
Esteja eu em uma outra vestimenta,
Sem pele,
Só luz.
Nawá
7 de fevereiro de 2009
Eu te chamo quando preciso de você,
[quando] meu coração está em chamas;
Você vem até mim impetuoso e selvagem;
Agora eu descubro que mudei meu pensamento, eu abri a porta...
Você realmente esta dizendo adeus...
Se você vai partir
eu não vou implorar para que fique
Se você tem que ir querido
então talvez seja melhor assim
Eu serei forte
Eu estarei bem
Não se preocupe com meu coração
Apenas saia
veja se me importo
Apenas siga em frente e vá
Mas não se vire
Senão vai ver meu coração se partindo
Não se vire
Eu não quero que me veja chorar
Apenas vá....
Jack
3 de fevereiro de 2009
Oferenda
Deixo falar escuto sobre as ondas, sobre a imensidão do mar.
Falam das sereias e dos tritões
Sem pretensão de me sair em flor, escondo-me em casca.
Noite branda brilhante de luar
Sei lá... Nem sei por onde começar
Começo falando do conforto dos teus braços
Dos sorrisos que nublam os meus sérios..
Tempestade, chuva e vento...
E do encurvado das tuas curvas mais sinuosas..
Sob as curvas que se insinua.
Sinto-te de nada, de flor perfumada.
Amo sem ser desejo.
Amo sem condição, sem prescrição.
Sem data de validade,
Tempo indeterminado de mim.
Pra ti uma bela oferenda,
Daquelas que o mar não deixa levar...
Jack e Carla
Hoje me reinvento, jogo fora roupas antigas que não me cabem mais, um passo pra algo muito melhor, para o amanhã guardo os meus desejos antigos, sem tempo pra me arrepender depois, me visto de festa, e quero dançar a valsa mais sincera, com acordes perfeitos de mim...
Sentir novos modos de sentir, sincronicidade amiga, gozo feito em versos.
Para amanhã nada de certeza, ainda guardo ilusões de novos mundos.
Quero sair sentir o vento, ardente na face.
Vou para Tebas, para o jardim de Epicuro ganhar o mundo de sensação errante e outrem que outrora talvez venha me trombado.
Largar as formas certas escrever meus versos na parede, no papel de pão. Pintando com os dedos as formas que transcendem minha exatidão.
Jack e Carla
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