“Qual a boa metáfora para descrevê-la: uma pluma? Uma flor delicada que, por milagre, anda? Um cristal frágil? Sua voz faz-se carícia tímida. Para onde foi a desbocada, de tom enérgico, manejando palavrões que abalaram bem-educados e bem pensantes?(...)" Hilda Hilst

22 de maio de 2009




O progresso...
Um cosmo cinza de pessoas mendigantes
Geografias distorcidas,
Espaços abertos,
O sol SE QUEIMOU
De tanto respirar
O amor líquido
Que escorre nas vielas das esquinas paralelas..
Ilusões, sonhos, padrões
O tempo desaprendeu a contar,
Tanto isso, tanto aquilo, tanto faz...
Deixe-me ir...
Embrulhe-me em um saco de pão
Não ha nada aqui..
Não ha nada aqui...
Quem sabe eu possa ser um raio lazer de plutão
E Atirar meteoritos pelo ar..
Alvejando naves perdidas de inimigos antigos...
Uma revolução silenciosa..
Dentro de mim..

Nawá

Irreal

Levando os sonhos nas mãos,
Andando na ponta dos pés
Para não acordar o meu EU que é triste, vazio, ácido..
Perdi o ritmo no descompasso da tua ausência
Um Bálsamo de solidão
Quase escravidão
Eu tão singular virei plural
Rogando ao tempo
Preces de afagos quentes
Lendas tamanhas
Indecentes
Cheia de cais
De caos
Por ali e por acolá
Ir, vir, partir...
Humanamente bicho
Sabendo se mover
Usar, sugar, cuspir...
Navegar e ancorar..
Sei lá...

Nawá

18 de maio de 2009





Respirar

Música alta para os meus ouvidos, por favor... Não quero ouvir meus pensamentos...
Tudo é sufocante em meio a tantos “EUS” achantes,
Silêncio...
Silêncio preciso sentir,
Meu coração anda despedaçando, tanto isso, tanto aquilo, tanto faz...
Tantas certezas, tanta filosofia, tanta orgia,
Quero quanto? E não quero mais..
Quando damos conta nos mudamos para o mundo do outros,
Tornamos-nos o sonho dos outros...
E nós? Fazer o que com tantos sonhos?
Reafirmamos a utopia do que não pode ser?
Silêncio...
Silêncio...
Preciso respirar,
Fazer uma revolução silenciosa,
Sem armas,
Assim sem lar. Sei lá...
Tenho desejos antigos, sonháveis, vivíveis...
Minhas estradas, minhas vielas, meus seringais...
Silêncio...
Preciso sentir o cheiro de lá...
E ficar temporariamente perdida no mar...

Nawá

17 de maio de 2009

Desassossego





Fotografei o seu olhar nessa manhã
Me diziam que essa era realmente a ultima vez...
Da quinta vez que seria a ultima...
Enquanto você dormia eu chorava
Ardia, desfalecia, inquietava,
Coisas malucas...
Queria pedir pra você FICAR baby
Quem sabe a fúria desse froon virá a lapidar...
Tenha dó,
PORQUE tudo é um grande moinho,
Ou somos jogos ou filosofia...
E nessa orgia de querer o que não se pode ter,
FANTASIA...
Você busca a sua luz enquanto eu busco você!!
“Cale-me com um segredo que não possa ver a cor”
Deixe-me ser a sua estranha,
E nas minhas entranhas te deixo ser...
SOMOS uma mistura louca,
Um verbo na contramão,
Querer, saber, enlouquecer...
Fique um pouco mais,
Pois, aqui ainda bate um coração
Não vá agora, não vá, não vá não...

Jackeline Nawá

10 de maio de 2009



Intelectual


Ontem o vi,

Com seu suposto orgulho...

Humano como eu,

Sabendo se mover

Com sua gramática multiverbal,

Generosa transgressão...

Combatente da contra-informação...

Disseminante da contra - hegemonia,

Uma revolução suave...

Mexe comigo,

Deixa-me com vontade de guerrear.

Das tuas curiosas curiosidades

Não te posso abstrair

A poesia é,

E devemos deixá-la assim,

"O prefácio da obra, os preparativos da festa..."

O tempo pode ser espiral..

"Novas perguntas, mais curiosidades, outros mergulhos... Talvez..."


Nawá

3 de maio de 2009



Um dia fora do tempo

Fui à feira comprar um riso, uma flor ou um espinho...
O riso estava em falta e as flores estavam murchas, só me restaram os espinhos.
Voltei a dormir
Coisas a sentir
Uma cadência
Um quarto desarrumado de sonhos vagos
Nem me acho no meio da maquiagem e do velho penteado
Quando acordar volto pra rua em busca de mim
Talvez eu me encontre ouvindo um blues
Talvez eu beba uma bebida flúor
Talvez eu assista uma divina comédia
Ou presencie um grande fato
Talvez eu encontre um riso em papelote
Ou compre uma roupa com decote
Talvez eu nem mais me encontre
E seja manchete de jornal
Talvez eu me mande um poema numa tarde de outono
Ou compre um coração em liquidação
Talvez não me deixe fugir
Talvez eu volte. Talvez Não.

Nawá