“Qual a boa metáfora para descrevê-la: uma pluma? Uma flor delicada que, por milagre, anda? Um cristal frágil? Sua voz faz-se carícia tímida. Para onde foi a desbocada, de tom enérgico, manejando palavrões que abalaram bem-educados e bem pensantes?(...)" Hilda Hilst

3 de maio de 2009



Um dia fora do tempo

Fui à feira comprar um riso, uma flor ou um espinho...
O riso estava em falta e as flores estavam murchas, só me restaram os espinhos.
Voltei a dormir
Coisas a sentir
Uma cadência
Um quarto desarrumado de sonhos vagos
Nem me acho no meio da maquiagem e do velho penteado
Quando acordar volto pra rua em busca de mim
Talvez eu me encontre ouvindo um blues
Talvez eu beba uma bebida flúor
Talvez eu assista uma divina comédia
Ou presencie um grande fato
Talvez eu encontre um riso em papelote
Ou compre uma roupa com decote
Talvez eu nem mais me encontre
E seja manchete de jornal
Talvez eu me mande um poema numa tarde de outono
Ou compre um coração em liquidação
Talvez não me deixe fugir
Talvez eu volte. Talvez Não.

Nawá

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